Mais um ano chega ao fim e a crise econômica internacional não mostra
sinais claros de recuperação. Essa ainda é a principal preocupação
econômica internacional e brasileira, pois seus efeitos têm sido
relevantes em todos os países do globo.
É difícil traçar paralelos com a atual crise internacional na
história da humanidade. Muitos analistas econômicos e historiadores
citam a crise de 1929 como um episódio comparável. As duas estão
relacionadas a uma deterioração acentuada do sistema financeiro,
iniciaram-se na maior economia mundial – os Estados Unidos – e tomaram
proporções internacionais.
A grande diferença é que, atualmente, a economia internacional é mais
complexa, as quantidades de pessoas, bens, serviços e capital que
circulam internacionalmente são muito maiores e os mapas geopolítico e
econômico sofreram alterações consideráveis, com expressivo ganho de
importância da Ásia. Adicionalmente, a lenta recuperação das principais
economias mundiais indica que a atual crise, apesar de não tão profunda
como a de 1929, será mais duradoura. Muitos analistas econômicos estimam
que as principais economias passarão por um período de estagnação de
aproximadamente uma década, a partir do seu início (2007/2008).
As expectativas são de que a crise internacional já tenha atingido
seu ponto mais baixo e que no próximo ano não ocorram grandes surpresas.
Boa parte da expectativa da saída da Grécia do euro já foi absorvida –
caso isso venha de fato a ocorrer – e não há perspectiva de que países
mais importantes venham a sair. A economia americana apresenta sinais de
tímida recuperação e os republicanos devem concordar que seria um
grande revés político e econômico não negociar os prazos para as
elevações tributárias e cortes de gastos previstos para 2013 (o “abismo
fiscal”), assim como a revisão do teto da dívida orçamentária americana
de US$ 16,4 trilhões.
As principais economias mundiais estão e devem continuar, em 2013, o
lento processo de recuperação econômica, enquanto China e Índia devem
manter um bom ritmo de crescimento. Nesse cenário, os principais
problemas que estão aparecendo se referem à própria economia brasileira.
Estamos passando por um momento delicado de baixo crescimento com pleno
emprego, onde estímulos econômicos adicionais podem elevar a inflação e
obrigar o Banco Central a rever os níveis atuais da taxa de juros, com
efeitos negativos no crescimento.
A série de estímulos ao longo do corrente ano, como redução da taxa
de juros e de impostos, já está sendo sentida e a economia brasileira
deve apresentar uma recuperação no próximo ano, com um aumento do PIB em
torno de 3,5%. No entanto, medidas relevantes para propiciar um
crescimento sólido, como a melhora da infraestrutura, do sistema
educacional e das regras que favorecem o investimento privado não têm
ocorrido na velocidade necessária nos dois últimos governos.
De fato, o atual governo tem realizado mudanças que geram mais
incertezas no cenário institucional e que devem inibir o investimento do
setor privado – que é essencial, dada a limitação orçamentária do
governo. As medidas adotadas têm se restringido aos efeitos de curto
prazo e nessa trajetória, mesmo que o país alcance uma razoável taxa de
crescimento em 2013, os problemas internos serão explicitados e o
crescimento se mostrará inexpressivo em anos posteriores.