Desde 2006, o governo brasileiro vem utilizando o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um dos seus principais
instrumentos de política econômica através de uma estratégia agressiva
de financiamentos destinados à realização de investimentos produtivos
dentro e fora do país. Os desembolsos do BNDES estavam em R$ 52,3
bilhões, em 2006, passando para R$ 168,4 bilhões, em 2010. Nos dois
últimos anos ocorreram reduções nesses valores devido aos problemas
econômicos enfrentados pelo país.
No entanto, ainda é clara a adoção dessa estratégia para tentar
estimular o investimento e alavancar o crescimento econômico brasileiro.
A ideia do governo é – além de estimular o nível de investimentos –
criar grandes grupos nacionais que mantenham operações econômicas em
vários países, ou seja, criar empresas brasileiras transnacionais. O
maior exemplo é o grupo JBS Friboi, que em apenas sete anos passou de
uma pequena empresa no interior de Goiás para uma das maiores empresas
do mundo a operar na cadeia de proteína animal.
Quando olhamos para o grupo de países desenvolvidos, é evidente a
força global de suas empresas. Portanto, existe uma relação entre
fortalecimento das empresas nacionais e desenvolvimento econômico. No
entanto, receio que essa relação de causalidade ocorra de forma mais
relevante na direção do desenvolvimento econômico de um país para o
fortalecimento de suas empresas. Um país obtém avanço econômico quando
investe na formação de suas pessoas, em sua infraestrutura, no
estabelecimento e garantia de regras claras que garantam o retorno dos
investimentos realizados pelo setor privado, e quando o governo não
asfixia os investidores com cargas tributárias elevadas e com excesso de
procedimentos burocráticos. Assim, ele gera maior competitividade de
todas as empresas nacionais e estimula os investimentos produtivos em
capital físico, humano e tecnologia, o que acaba fortalecendo suas
empresas.
Quando se adota uma estratégia de vencedores nacionais, o governo
favorece alguns grupos econômicos que nem sempre são os mais eficientes e
produtivos economicamente. Quando os investidores percebem isso,
destinam recursos que poderiam ser produtivos em atividades que aumentam
suas probabilidades de conseguir os mesmos benefícios sem produzir
nenhum bem ou serviço, o que chamamos de atividades rent-seeking. O país
passa a produzir menos com a mesma quantidade de recursos produtivos
disponíveis.
É comum, por exemplo, observar que empresas contratam pessoas, montam
escritórios, gastam com viagens a capitais apenas para estabelecer
ligação com representantes do governo, com o objetivo de fazer pressão e
obter favores e benefícios políticos. Quanto maior a influência do
governo em relação à eficiência das empresas na determinação de seu
sucesso econômico, maior será a quantidade de recursos destinados às
atividades rent-seeking.
Outro efeito negativo é que, ao escolher alguns vencedores, as demais
empresas perdem mercado interno para a empresa favorecida e são
desestimuladas a realizar novos investimentos, a não ser que todo o
ganho de mercado da empresa favorecida ocorra em outros países, o que
não parece muito provável. Por fim, sem alterar as condições citadas
anteriormente, será difícil que as escolhidas mantenham a
competitividade sem a mão do governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário