sábado, 12 de janeiro de 2013

Escolhendo vencedores nacionais


Desde 2006, o governo brasileiro vem utilizando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um dos seus principais instrumentos de política econômica através de uma estratégia agressiva de financiamentos destinados à realização de investimentos produtivos dentro e fora do país. Os desembolsos do BNDES estavam em R$ 52,3 bilhões, em 2006, passando para R$ 168,4 bilhões, em 2010. Nos dois últimos anos ocorreram reduções nesses valores devido aos problemas econômicos enfrentados pelo país.

No entanto, ainda é clara a adoção dessa estratégia para tentar estimular o investimento e alavancar o crescimento econômico brasileiro. A ideia do governo é – além de estimular o nível de investimentos – criar grandes grupos nacionais que mantenham operações econômicas em vários países, ou seja, criar empresas brasileiras transnacionais. O maior exemplo é o grupo JBS Friboi, que em apenas sete anos passou de uma pequena empresa no interior de Goiás para uma das maiores empresas do mundo a operar na cadeia de proteína animal.

Quando olhamos para o grupo de países desenvolvidos, é evidente a força global de suas empresas. Portanto, existe uma relação entre fortalecimento das empresas nacionais e desenvolvimento econômico. No entanto, receio que essa relação de causalidade ocorra de forma mais relevante na direção do desenvolvimento econômico de um país para o fortalecimento de suas empresas. Um país obtém avanço econômico quando investe na formação de suas pessoas, em sua infraestrutura, no estabelecimento e garantia de regras claras que garantam o retorno dos investimentos realizados pelo setor privado, e quando o governo não asfixia os investidores com cargas tributárias elevadas e com excesso de procedimentos burocráticos. Assim, ele gera maior competitividade de todas as empresas nacionais e estimula os investimentos produtivos em capital físico, humano e tecnologia, o que acaba fortalecendo suas empresas.

Quando se adota uma estratégia de vencedores nacionais, o governo favorece alguns grupos econômicos que nem sempre são os mais eficientes e produtivos economicamente. Quando os investidores percebem isso, destinam recursos que poderiam ser produtivos em atividades que aumentam suas probabilidades de conseguir os mesmos benefícios sem produzir nenhum bem ou serviço, o que chamamos de atividades rent-seeking. O país passa a produzir menos com a mesma quantidade de recursos produtivos disponíveis.

É comum, por exemplo, observar que empresas contratam pessoas, montam escritórios, gastam com viagens a capitais apenas para estabelecer ligação com representantes do governo, com o objetivo de fazer pressão e obter favores e benefícios políticos. Quanto maior a influência do governo em relação à eficiência das empresas na determinação de seu sucesso econômico, maior será a quantidade de recursos destinados às atividades rent-seeking.

Outro efeito negativo é que, ao escolher alguns vencedores, as demais empresas perdem mercado interno para a empresa favorecida e são desestimuladas a realizar novos investimentos, a não ser que todo o ganho de mercado da empresa favorecida ocorra em outros países, o que não parece muito provável. Por fim, sem alterar as condições citadas anteriormente, será difícil que as escolhidas mantenham a competitividade sem a mão do governo.

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