A indicação de Joaquim Levy para a Fazenda é uma sinalização de que
Dilma parece ter sido convencida pelo pragmatismo do ex-presidente Lula,
pelas eleições apertadas, pela elevada rejeição que o PT sofre em quase
todos os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, pelo fraco desempenho
da economia, além das manifestações de 2013, de que é necessária uma
grande mudança na economia para que o seu mandato chegue ao fim sem
exacerbada instabilidade social, econômica e política.
Uma deterioração na economia – que, certamente, também afetaria as
conquistas na área social – poderia ser fatal para o PT, ainda mais
quando se leva em consideração todos os problemas que ainda terão de ser
enfrentados no caso da Petrobras, Eletrobras, grandes empreiteiras etc.
Além disso, o partido perdeu participação no Congresso Nacional e
enfrenta problemas na própria base aliada, podendo ter um próximo
presidente da Câmara dos Deputados que é visto mais como oposição que
como aliado.
Joaquim Levy possui sólida formação em economia, vasta experiência
pública e privada, competência já comprovada, além da confiança do
mercado, o que é essencial para uma pessoa que irá liderar o processo de
desatar os vários nós que foram criados na área econômica. Ele é
reconhecido pela posição favorável à austeridade fiscal, peça-chave para
que a economia possa entrar em uma rota econômica mais favorável, pois
uma melhora fiscal propiciaria menor fragilidade das contas internas e
externas, menor pressão inflacionária e cambial, redução das incertezas,
além da redução da taxa de juros. Todos esses fatores são fundamentais
para melhorar os ânimos dos empresários, os investimentos produtivos e a
produtividade e, dessa forma, o crescimento econômico.
No entanto, pelo menos duas questões ainda precisam ser resolvidas:
uma parte do próprio PT parece não estar convencida de que a economia
necessita, com urgência, de mudanças significativas em sua atual
trajetória, fazendo críticas ao nome que até já deveria ter sido
confirmado pela presidente, o que gera incertezas e fragiliza logo de
início o novo ministro caso ele venha a tomar posse; e não está claro se
a própria presidente está convencida disso e se, portanto, dará
autonomia necessária ao novo ministro.
O primeiro passo na direção correta pode ser dado pela nossa
presidente ainda nesta quinta-feira. Vamos torcer para que essa decisão
seja tomada e que a autonomia necessária seja dada ao novo ministro da
Fazenda, pois, mesmo que isso seja feito, os próximos anos serão
difíceis para o governo e a população brasileira. Não gostaria de ter de
imaginar qual seria o cenário caso o governo retroceda nessa decisão e
coloque um nome mais alinhado com a atual equipe econômica.
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